Por Fifa
Ai que susto FOTO: Terra |
“Defenda
o clube, viva e morra por ele. Porque o jogador que se poupar, eu posso não
levar para a Copa”. O discurso de Luiz Felipe Scolari antes do último amistoso
contra a África do Sul foi, a princípio, um alerta ao grupo regularmente
lembrado em suas convocações. Longe de Johanesburgo, porém, entre os jogadores
que há um bom tempo não vestem a camisa da Seleção, a mensagem era interpretada
de outra forma: para eles, não havia ameaça, mas, sim, esperança.
Ê, Miranda FOTO: Getty Images |
A
confiança do defensor é proporcional à boa fase que vive pelos colchoneros, mas
os mais de 13 meses longe da equipe nacional – foi convocado apenas uma vez com
Felipão, em fevereiro de 2013 – o faz enfrentar uma situação paradoxal: no
mesmo período em que se firmou como pilar da defesa de Diego Simeone, viu
rivais como Réver (escolhido para a Copa das Confederações), Dedé, Henrique e
Marquinhos serem testados ao lado d Thiago Silva, David Luiz e Dante.
Filipe
Luís enfrenta a mesma condição atento às mensagens de Felipão. Primeiro titular
do treinador na lateral esquerda, ele esteve no grupo campeão no Brasil 2013,
não foi chamado desde então e ainda viu Maxwell ganhar força na briga pela
reserva de Marcelo. Tudo isso em meio a um período em que, ao lado de Miranda,
ajudou o Atlético a sustentar a liderança do Campeonato Espanhol, ter a defesa
menos vazada no país, com 22 gols em 31 jogos, e ainda chegar com autoridade às
quartas de final da UEFA Champions League.
“Se
eu falar que estou feliz por não ser convocado estarei mentindo”, afirma o
lateral também ao FIFA.com. “Até acredito que o Felipão já tenha definido mais
ou menos o grupo, mas vou seguir me doando até o final para estar nessa lista.
Como ele disse, quem não morrer pelo clube não vai para a Copa.”
Terapia
de grupo
Esforçar-se
ao máximo, sim. Mas transformar o sonho de ainda ir ao Mundial em obsessão é um
perigo que ambos preferem evitar. E, em um período tão delicado da temporada,
focar apenas no clube pode ajudar a diminuir a pressão na outra frente de
batalha. “A disputa pela vaga é acirrada, entre vários jogadores de alto nível.
O que tenho que pensar, então, é em continuar ajudando o Atlético a ter
sucesso. Na temporada passada, já havíamos tido a melhor defesa, e isso nos
ajuda a sermos observados”, despista Miranda.
Sem chances FOTO: Getty Images |
“Claro
que sigo disponível e torcendo por boas notícias, mas, por outro lado, não acho
que o Felipão esteja errando”, completa Filipe Luís, com maturidade
surpreendente para alguém que era, até tão pouco tempo, um nome certo na
Seleção. “Na esquerda, acho que tanto faz eu, Marcelo, Maxwell ou o Adriano.
Não é uma posição em que ele vai ter tantas dúvidas, como o ataque. Por isso,
se eu não estiver, sei que não vou estar sendo injustiçado.”
Ter
esta consciência tranquila diante de uma situação relativamente desfavorável é
um ponto amplamente positivo para eles. E, para isso, ajuda ter logo ao lado
alguém que entende perfeitamente o que você vem vivendo. “A gente conversa
bastante sobre isso, quando sai a convocação ou assistimos aos jogos, e queria
estar lá, claro”, garante Filipe Luís. “O Miranda tem uma cabeça forte, sabe
que o técnico optou por outros, mas sabe que está na agenda dele, com chances.
O importante é o trabalho maravilhoso que ele vem fazendo aqui. A base
defensiva do Atlético começa por ele.”
Única
certeza
O
respeito e a união da dupla resultam em uma fórmula em que todos – jogadores e
Atlético – saem ganhando. E com defensores em alta, um Diego Costa irresistível
e um elenco que já havia brilhado na UEFA Europa League de 2012, não é nenhuma
surpresa ver o time incomodando tanto os gigantes europeus. Nenhuma surpresa?
Bem na foto FOTO: EFE |
“O
pessoal pergunta: ‘como esse time pode estar jogando tanto se é o mesmo dos
últimos anos?’ Mas o segredo é esse mesmo. A diferença é que começamos a
acreditar que estávamos no mesmo nível de Barcelona e Real e ganhamos respeito.
Até na Europa é assim: agora ninguém quer nos enfrentar”, garante Miranda. “É
até normal que achassem que não iríamos aguentar o ritmo. Nosso time não tem
nenhuma superestrela e conhece suas limitações. Mas todos se doam em campo,
marcam forte desde o ataque e, mesmo quando não atuamos bem, não desistimos
nunca e criamos chances para ganhar os jogos”, corrobora Filipe Luís.
O que
eles não querem, no entanto, é se empolgar com a fase e sair por aí dizendo que
o clube visa ganhar tudo em 2014. Não seria um discurso condizente com alguém
que encara o momento com tanta cautela. “É difícil falar em ser campeão. A
filosofia do Simeone é de ir jogo a jogo, de somar o máximo possível",
confirma Filipe Luís. "Mas claro que depois de brigar na frente por tanto
tempo nossas ambições crescem.” No Atlético ou na Seleção, e independentemente
do adversário, Miranda e Filipe Luís parecem ter uma única certeza neste
momento: a de que é preciso lutar e acreditar até o fim.
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